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A percepção do corpo mudou.

A percepção do corpo mudou.
Joao C
jun. 18 - 4 min de leitura
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Quando a quarentena começou, a gente estranhava ficar em casa. Agora, a percepção do corpo mudou e a gente se pergunta como mediremos a proximidade no novo normal. A gente começa a estranhar sair de casa. Acha mais seguro, menos arriscado não se mexer e fazer tudo por teleconferência. Diante dos riscos aquela saudadezinha prefere um encontro no Zoom do que um abraço.

A expressão de amor, afeto, amizade não vem mais acompanhada de abraços, beijos e contato físico. Podemos estar perto sem esse contato e essa nova percepção é mais uma das novidades do novo normal.

Para explorar esse conceito, três artistas, Ofri Cnaani, Stella Geppert, e Evann Siebens foram convidados pela A4 Arts Foundation, uma fundação na Africa do Sul, para fazer uma performance via Zoom para explorar como a percepção acontece no mundo digital.

Durante e performance, os artistas fazem perguntas para o público: você prefere observar ou participar? Claro que a maioria das pessoas respondeu que preferia participar… Então, se prefere participar porque não pelo menos simulou uma abraço maior quando entramos?? E todo mundo começou a dar abraços grandes e apertados, cada um em sua sala. Com o movimento do abraço começamos a nos sentir próximos. O sentimento de proximidade, a performance destacou, as vezes tem mais a ver com a nossa movimentação corporal e a conexão do que com a distância.

 

 

Os artistas seguiam perguntando se poderiam confiar no grupo para compartilhar segredos. E cada um sussurrou um segredo, pertinho da tela. Os artistas iam fazendo também perguntas sobre as distâncias: qual a distância entre eu e você? Uma pessoa respondeu 6,000 kilometros… e entre o meu queixo e o seu? Outra pessoa respondeu 60 cms. E com isso iam desconstruindo o nosso senso de percepção até que no final o público quase esquecia que aquela relação era mediada por uma telinha.

 

Até onde conseguimos deixar de ver a telinha como obstáculo para sentir a presença do outro? Até onde os riscos nos fazem optar por sentir a presença do outro remotamente? O novo normal vai acelerar essas mudanças nas nossas percepções.

Para mais informações sobre a performance veja:

https://a4arts.org/Measures-of-Closeness-A-Lexicon-of-Gestures-1

 

Sobre os artistas:

Ofri Cnaani é um artista que vive em Londres. Seu trabalho apareceu na TateBritain, Reino Unido; Museu Metropolitano de Arte, Nova York; Instituto Inhotim, Brasil; Museu de Israel, Jerusalém; Museu Kiasma, Helsinque; PS1 / MoMA, Nova York; Laboratório BMW Guggenheim, Nova York; Kunsthalle Wien, Viena. Atualmente, Cnaani é pesquisadora de doutorado no programa Curatorial / Knowledge da Goldsmiths, departamento de Culturas Visuais.

Evann Siebens faz mídia, performance e fotos com movimento. Sua prática baseada em lentes negocia o corpo humano como um local de arquivo e a política do olhar feminino. Com sede em Vancouver, Canadá, ela se apresentou recentemente no Witte de With, em Roterdã, e seu trabalho A Performance Affair, em Bruxelas, foi apresentado na primeira página do New York Times em 2019.

Stella Geppert entende seu trabalho como uma "investigação relacional" na comunicação corporal verbal e não verbal, que está ligada a questões escultóricas e coreográficas essenciais. Sua coreografia mais recente, COMMUNICATION CAPTURES, foi exibida no Centro de Arte Contemporânea de Copenhaguem / Dansehallerne e elementos mostrados no A Performance Affair, em Bruxelas.

Fonte: www.a4.arts.org

João Correia é consultor de arte, mestrando em liderança cultural pela Royal Academy de Londres e fundador da Collezionista Consultoria de Arte. Lives com esses e outros artistas conversando sobre o que a arte nos ensina sobre o novo normal podem ser acessadas no canal do Youtube do projeto A_ARCA. Link no site -> www.collezionista.com.br


 


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